Trítono – O intervalo do Diabo

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Trítono é um intervalo musical que corresponde a distância de Três tons entre duas notas.

Trítono entre as notas Dó e Fá
Entre as notas Dó e Fá# Temos a distância de um trítono.

Ao ouvido, o trítono soa de forma desagradável, isso acontece porque trítonos são intervalos muito dissonantes. Essa sonoridade agressiva, no entanto, é muito útil nas harmonias modernas, tanto é, que já nos adaptamos a escutar trítonos ocultos nos mais variados gêneros musicais.

No entanto, nem sempre o trítono foi tão bem aceito em arranjos musicais.

O Trítono na Idade Média

Antes de mais nada, é importante dizer que toda mística criada a partir do trítono é falsa. A verdade é que a música praticada na idade média era predominantemente vocal. Como os sistemas de escrita musical não eram precisos, esse intervalo não cabia nos padrões medievais de composição. Esse mito é sustentado no fato de a igreja deter poder hegemônico sobre a cultura e as tradições dos povos medievais.

É certo que os ouvidos medievais eram bem menos tolerantes em relação à intervalos dissonantes, principalmente quando se tratava de músicas da estética aplicada nas músicas sacras.

Aceitação do Trítono nas Composições Tonais

Com o passar dos séculos, fomos gradualmente incorporando intervalos menos consonantes ao nosso vocabulário musical, de forma que alçguns intervalos evitados passaram a ser considerados consonantes. Outras tensões também passaram a ser aceitas, tornando os arranjos mais ricos e com maiores nuances sonoras. Dentre esses intervalos, um dos mais tensos é o trítono, correspondente à quarta aumentada ou quinta diminuta.

Atualmente, incorporamos os trítonos em praticamente todos os gêneros musicais, do pop ao Jazz, passando pelo samba. Esse intervalo fica oculto nos acordes dominantes.

Porém, há a necessidade de se equilibrar as tensões em uma composição de forma que haja a sensação de movimento dos sons mais tensos aos mais relaaxados como em uma pulsão. Dessa forma, é comum que um trítono anteceda uma resolução de repouso.

A seguir apresentaremos algumas resoluções possíveis para um trítono.

Resoluções de um Trítono

Você muito provavelmente já deve ter ouvido a seguinte progressão harmônica:

Perceba que o primeiro intervalo soa de forma desconfortável, porém, em seguida, o segundo intervalo soa de forma consonante, dando a impressão de complementar o sentido da dissonância. É como se o primeiro intervalo sonoro estivessse direcionando nosso ouvido ao segundo que, por sua vez, nos dá a sensação de equilíbrio e repouso.

No áudio acima, o trítono Si# – Fá# provoca uma sensação desconfortável ao ouvido, para se obter a sensação de repouso, basta elevar em um semitom a nota mais grave e abaixar um semitom da nota mais aguda do trítono como na imagem acima. As notas obtidas nessa resolução são Dó# e Mi#, que formam entre si, intervalo de terça maior.

Outra forma de se obter uma resolução do trítono é abaixando um semitom da nota mais grave e elevando um semitom da nota mais aguda.

Segunda resolução do trítono

Vale ressaltar que, apesar de usarmos o mesmo trítono como referência, eles podem estar inseridos em acordes diferentes. Dessa forma, ao se improvisar sobre a resolução de um trítono, essas duas cadências podem demandar escalas diferentes.

Cadência em música é a percepção de direcionamento que os acordes produzem na harmonia. A cadência mais característica na música tonal se dá pela resolução de um acorde dominante.

Trítonos Inseridos dentro de Acordes

Como já falamos no tópico anterior, cada trítono resolve-se dentro de uma escala e, consequentemente, dentro de um campo harmônico.

A sonoridade do trítono é o principal elemento de instabilidade dos acordes dominantes, as duas cadências em que se encaixam esse movimento na harmonia é:

progressão V7-I

A progressão V7 – I é, com certeza, a mais comum de se escutar em arranjos harmônicos. Se trata da combinação de um acorde dominante, que se encontra no quinto grau dos campos harmônicos funcionais, resolvendo-se na tônica, que é o acorde localizado no primeiro grau.

No primeiro exemplo do tópico anterior, foi dito que o trítono em questão estava inserido na escala de Dó#.

Escala de Dò#

Como cada escala forma um campo harmônico, a escala de Dó# possuirá os seguintes acordes:

Acordes do campo harmônico de C#

Sendo assim, a resolução de um V7 – I no campo harmônico de C# será:

Resolução do Acordes G#7

Se dissecarmos cada acorde dessa cadência, encontraremos a resolução do trítono no movimento de um acorde a outro.

Trítono contido na progressão V7 I

Subv7 – I

Outra cadência comum em músicas populares é o SubV – I, em que um acorde com sétima, um semitom acima do acorde de resolução exerce a função dominante. Indo para o segundo exemplo de resolução, teremos a seguinte cadência.

Resolução de um trítono no acorde SubV7

Note que nesse caso, interpretamos a nota Fá# como Láb. Temos aqui, portanto, uma adaptação de enarmonia, já que o trítono se encontra dentro de um acorde de Ab7 que, por ser um acorde formado por notas bemóis, não pode conter uma nota sustenida.

Observações Importantes Acerca das Cadências SubV7 – I

Importante destacar que os acordes SubV7, também chamados de Subdominantes, não fazem parte do campo harmônico do acorde de resolução, sendo este uma expansão do sistema tonal.

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