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Campo Harmônico é um conjunto de acordes que se adequam à uma escala de forma que em cada nota da escala, forma-se um acorde correspondente à posição da nota na escala. Neste post, discorreremos detalhadamente dos aspectos mais importantes para se entender o conceito de campo harmônico, bem como o seu uso na música tonal.
Muito me perguntam em sala de aula a respeito das técnicas necessárias para se tocar uma música de ouvido. Logicamente, a percepção necessária para se tocar intuitivamente envolve todos os elementos musicais, melodia, ritmo e harmonia mas, o que se destaca em iniciantes é a percepção dos acordes envolvidos em um arranjo musical.
A verdade é que os processos que envolvem a percepção harmônica de uma música tonal, partem do reconhecimento dos acordes dentro de um contexto harmônico que dê significado à sonoridade de cada acorde em relação à tonalidade da música. Campo harmônico é, portanto, essa estrutura que liga acordes à uma ideia geral de tonalidade.
Escalas Musicais
Para se desenvolver a percepção de acordes, é necessário inicialmente entender que, na música tonal, toda melodia e harmonia partem de uma seleção de notas preestabelecidas que fazem parte de estruturas que chamamos de escalas.
As escalas, grosso modo, são sequências de notas ordenadas a partir de uma série de intervalos com periodicidade previsível.
O maior exemplo que podemos dar, é a escala de Dó maior, formada pelas notas:
Essa escala se repete ao longo de toda extensão do instrumento, sendo que, na medida em que se avança essa escala ascendentemente, as notas vão ficando cada vez mais agudas .
Agora, analisando a escala de Dó do ponto de vista dos intervalos formados entre as notas, teremos:
O modelo intervalar acima, representa a escala maior natural. Cada escala, porém, possui padrões de intervalos próprios.
Conhecer os intervalos formados entre as notas é fundamental para se construir qualquer escala a partir de qualquer nota. A escala adotada em um arranjo definirá a tonalidade da música.
Sabendo disso, é importante destacar que as notas da escala são a base para a construção de melodias em um arranjo musical. Em uma música Em C, portanto, o arranjo melódico tenderá a usar exclusivamente as notas da escala de Dó.
Acordes Formados a Partir de Escalas
Se as notas da escala de Dó são Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si, podemos identificar o campo harmônico a partir de acordes possíveis com essas notas. Dessa forma, para formar o campo harmônico de Dó, é necessário montar esses acordes de forma que em que cada grau haja uma fundamental distinta.
Para formar acordes em todos os graus da escala, obviamente, é necessário conhecer a formação de cada acorde, bem como entender que os acordes mais comuns que formam o campo harmônico básico são formados a partir da sobreposição de intervalos de terças.
Observando essa sequência de acordes na partitura, teremos:
Portanto, os acordes que formam o campo harmônico de C são.
Esse é o padrão de acordes observado nas escalas maiores. Mudando-se a tonalidade, o padrão se mantém a partir de fundamentais diferentes. Para tornar essa afirmação mais clara, vamos montar o campo harmônico a partir da escala de Ré maior. Posteriormente, vamos comparar os campos harmônicos formados pela escala de C e D.
A escala de Ré possui as seguintes notas:
Vamos construir acordes a partir dessa escala da mesma forma que na escala de Dó, com tríades formadas por sobreposição de terças.
Sintetizando tudo temos:
Graus do Campo Harmônico Maior
Perceba que apesar de possuírem acordes diferentes, cada grau possui acordes de mesma natureza, podemos comprovar isso ao compararmos um campo harmônico em tonalidades diferentes.
Observe, o primeiro grau é preenchido por uma tríade maior, o segundo e no terceiro grau temos duas tríades menores, no quarto grau e no quinto grau temos duas tríades maiores, no sexto grau, temos uma tríade menor e, por fim, no sétimo grau, temos uma tríade diminuta.
Dessa forma, podemos montar qualquer campo harmônico maior natural seguindo a seguinte sequência por grau.
Esse é o padrão de tríades usadas em campos harmônicos maiores. Porém, sabemos que muitas vezes precisamos usar acordes mais complexos em um determinado arranjo. Nesse caso, Faz-se necessário adequar as tétrades à escala da tonalidade.
Adequação de Tétrades no Campo Harmônico
Para adequarmos as tétrades ou qualquer acorde com tensão em um campo harmônico qualquer, basta saber as notas que estão contidas na escala e usá-las de acordo com o que o acorde pede.
Se, por exemplo, precisarmos de uma tétrade no primeiro grau do campo harmônico de C, saberemos que o acorde que se encaixa nessa posição será um C7M. Isso, porque o primeiro grau da escala de Dó é, logicamente, a nota Dó. No campo harmônico maior, a tríade que se encaixa no primeiro grau é maior. Calculando o intervalo de sétima a partir da nota Dó
Os intervalos sétima de Dó que naturalmente se encaixa na escala de C é a nota Si, que forma uma Sétima maior em relação a Dó.
Observe que sempre quando formamos acordes, a tendência é que haja sobreposição de terças entre as notas vizinhas. Para encontrar acordes mais complexos, podemos fazer uma sequência das notas de uma escala de maneira intercalada.
Na sequência de notas acima, temos três oitavas da escala de Dó tocadas alternadamente, ou seja, em intervalos de terça.
Façamos o mesmo exercício de descobrir acordes a partir das sobreposições.
Temos, portanto:
Tensão Sobre Acordes
Seguindo esse raciocínio ao extremo, podemos reconhecer a localização de um acorde apenas ao observar as tensões possíveis sobre ele.
Observe todas as tensões possíveis nos acordes do campo harmônico de C.
Assim sendo, os acordes que sintetizam cada grau do campo harmônico de C são:
Dessa forma, como todos os campos harmônicos maiores se comportam de maneira semelhante ao apresentado.
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