Graus Tonais e Graus Modais

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Graus tonais e modais são graus musicais que nos servem como parâmetro para avaliarmos uma escala musical, bem como a tonalidade advinda dela.

Imagino que, em algum momento da sua evolução musical, você já deve ter se perguntado como os músicos profissionais improvisam livremente sobre trechos musicais, ou mesmo como alguns músicos conseguem tocar músicas sem sequer ter ouvido-as previamente.

A resposta para essas indagações é simples. Um músico experiente conhece, mesmo que intuitivamente, as estruturas básicas da música tonal. Esse conhecimento aplicado à prática musical é o caminho certo para o virtuosismo, portanto, para quem almeja a evolução musical, vale o esforço de se aprender essas estruturas básicas.

Como já explicamos em posts anteriores, um dos fundamentos da música tonal é o uso de escalas para a construção de arranjos. A partir delas, montamos os campos harmônicos com os acordes formados sobre cada grau da escala. Isso é o que há de mais fundamental para a estrutura da música tonal. Por isso, antes de adentrarmos nos estudos dos graus tonais e modais, faz-se necessário entender esses assuntos previamente.

No post em que falo sobre os Graus Musicais, expliquei que dar nomes a cada posição da escala é importante para podermos conceituar e sistematizar um raciocínio sobre as escalas musicais. A partir desses conceitos, podemos estabelecer classificações com relação à tonalidade e modo de uma composição. Para isso, é necessário conhecer os graus modais e os graus tonais.

Graus Tonais

Os graus tonais são responsáveis por estabelecer a tonalidade de uma composição. Veja bem, quando ouvimos uma música, a escala não se apresentará em ordem ascendente ou descendente. As notas escolhidas para a melodia estarão na ordem que o autor conceber. Nesse caso, como poderemos saber em que escala estará o centro tonal da composição?

Para se conseguir reconhecer a escala e, consequentemente, a tonalidade, podemos tentar reconhecer as notas da melodia e, posteriormente, por analogia, associá-as a uma escala musical. Esse processo, entretanto é lento e inviável de ser praticado sem conhecimento de harmonia, pois é por meio das funções harmônicas que reconhecemos a sonoridade de cada grau.

Sendo assim, identificar as notas usadas na melodia é apenas o primeiro passo para reconhecermos uma tonalidade. O segundo passo é encontrar os acordes básicos usados no arranjo. A partir desses acordes podemos encontrar sonoridades de tensão e repouso e, assim, conseguirmos estabelecer a tonalidade.

Os graus tonais são, portanto, os que têm funcionalidade harmônica mais característica, pois, a partir deles, podemos determinar qualquer tonalidade.

Sendo assim, os graus tonais são o I, que possui função tônica forte, o IV, com função subdominante forte e o V, que tem função dominante forte.

Graus Tonais no Campo Harmônico Menor Harmônico
Graus Tonais no Campo Harmônico menor Melódico

Graus Modais

Os graus modais, por sua vez, são os que determinam se uma escala é maior ou menor.

Facilitando o raciocínio, as notas localizadas nos graus modais nos permitem identificar se uma escala é maior ou menor.

Para demonstrar essas diferenças, tomemos a escala de Dó como exemplo.

Notas da escala de Dó
Escala de Dó Maior Primitiva
Escala de Dó Menor Harmônico
A Escala de Dó Menor Harmônica
Menor Melódica
Escala de Dó Menor Melódica

Perceba que em todas as escalas menores, o terceiro grau é preenchido por um Mib, ao passo que na escala maior, a nota do terceiro grau é um Mi. Essas notas estão há um intervalo de terça em relação à tônica, no caso da escala maior, o intervalo é de terça maior, no caso das escalas menores, terça menor. Isso significa que da mesma forma que nos acordes, o intervalo de terça é fundamental para identificarmos se uma escala é maior ou menor.

O terceiro grau é, portanto, modal e invariável, ou seja, o terceiro grau determina, sem exceções, que tipo de escala estamos lidando.

Graus Tonais e Graus Modais obrigatórios

Há ainda outro grau em que se pode obsevar alteração em duas das três escalas menores. O sexto grau da escala é considerado modal variável porque ele pode estar intensificando a sonoridade menor, mas não necessariamente estará.

Conclusão

A partir de todas as afirmações feitas neste post, podemos sintetizar tudo que foi apresentado na seguinte figura:

Graus Tonais e Graus Modais
Obs. 01 – Os graus II e VII não possuem influência sobre a tonalidade ou modalidade.
Obs. 02 – Lembrando que os graus modais possuem duas subclassificações, modais invariáveis, correspondente ao grau III e os graus modais variáveis, representado pelo grau VI.

4 Comentários


  1. Até que fim achei o que estava procurando. Artigo bem
    completo sobre o assunto. Obrigado pela informação.
    Compartilhei no meu pinterest.

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  2. Muito bom o conteúdo. Excelente!
    Eu gostaria de aprender sobre SUBSTITUIÇÃO de ACORDES dos graus I, IV e V das escalas pentatônicas. Agradeceria muito por esta matéria.

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    1. olá, muito obrigado pelo comentário, vou trabalhar em um post sobre esse tema, em breve disponibilizarei aqui no site 😀

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