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Acordes dominantes são tétrades com sétimas menores. A sonoridade de um acorde dominante é um tanto desconfortável, e ao ouvi-lo, temos a sensação de que a harmonia se conduzirá para um acorde mais leve.
Essa idéia de tensão e relaxamento provocadas pela interação de acordes dominantes e de resolução é responsável pela sensação de movimentação que a harmonia proporciona e, por consequência, formam as bases da estruturação de arranjos harmônicos tonais.
Trítono nos Acordes Dominantes
No post em que falo sobre o trítono, explicamos que o que torna um acorde com sétima menor tão tenso é o trítono formado entre a terça e a sétima do acorde. Em suma, um trítono é a distância de três tons entre duas notas. O som de um trítono, além de incômodo, nos dá uma sensação de urgência de resolução, isso porque as notas de um trítono estão a um semitom de distância de intervalos consonantes. Por essa razão, o nosso ouvido sente que essa tensão se deslocará inevitavelmente para um relaxamento como se pode observar no comportamento de um ímã ao se atrair para metais.
Observe e ouça uma das resoluções possíveis de um trítono Dó Solb.
Agora ouça a resolução desse trítono dentro dessa progressão de acordes.
Padrões de Resoluções V7 – I
No exemplo acima, temos a chamada Progressão V7 I7M, ou V7 – I, essa é a resolução harmônica mais comum. Ao analisar as progressões V7 – I, perceberemos que essa progressão invariavelmente se resolverá uma quarta acima do acorde de tensão.
Acordes Dominantes Dentro do Campo Harmônico Maior
A idéia de se usar os algarismos romanos V e I na representação dos movimentos de dominante e acorde de resolução vem dos graus em que naturalmente se formam essas progressões em um campo harmônico maior.
Tomemos por exemplo o campo harmônico de C.
Perceba que no grau V desse campo harmônico temos o acorde de G7, e no grau I, temos o acorde da tônica, que só pode ser de relaxamento. O movimento V7 – I trata da movimentação de um acorde com sétima para o relaxamento proporcionado pelo acorde da tônica. Acordes dominantes também podem direcionar a harmonia na direção de qualquer acorde.
Nesse caso temos uma expansão dos conceitos de harmonia, já que alguns acordes dominantes do exemplo acima, não fazem parte do campo harmônico de C.
Sendo assim, a partir de tudo que já foi falado sobre dominantes, podemos estabelecer duas subclassificações de Dominantes no tocante à sua posição no campo harmônico.
Dominante Primário
Um acorde dominante primário irá, necessariamente fazer preparação para a Tônica do campo harmônico. No caso do campo harmônico de C, o único dominante primário é o acorde de G7.
A classificação desse tipo de cadência harmônica é, dessa forma, a Cadência Perfeita.
Dominante Secundário
Qualquer acorde dominante que não se resolve na tônica é considerado um Dominante Secundário.
Acordes SubV7
Como já foi dito no post Trítono – O intervalo do Diabo, podemos resolver o trítono de duas formas a saber.
Se a resolução do trítono Fá – Si em Dó – Mi pode ser oculta na progressão G7 – C7M, a resolução em Sib – Fá# só pode ser atendida oculta em outra progressão de acordes.
Como já se sabe, a inversão de um trítono é um outro trítono. Isso acontece porque o intervalo de três tons é simétrico. Sabendo disso, para facilitar a compreensão, pensemos no trítono acima nas duas inversões possíveis.
Ao adaptarmos enarmônicamente a resolução do trítono Fá – Si, podemos concluir que esse movimento pode ser encontrado na progressão C#7 – F#7.
Agora, analise as duas progressões V7 – I que contém as duas inversões do trítono Si – Fá.
Se os dois acordes dominantes possuem as mesmas notas no trítono, tecnicamente, podemos concluir que podemos resolver as tensões de forma cruzada.
Perceba que podemos substituir um acorde dominante por outro, neste caso, porém, foge-se um pouco da sonoridade padrão de um campo harmônico. Temos aqui, portanto, mais uma funcionalidade harmônica interessantíssima.
Popularmente, chamamos o acorde dominante trocado de Dominante substituto, ou SubV7, isso porque é um acorde dominante que substitui o V7.
Temos nesse caso, portanto:
Importante destacar também que as categorias de Subdominante principal e secundário valem da mesma forma que nos dominantes.
Representação Gráfica de Progressões V7 – I e SubV7 – I
Em análises de cifras, a representação da progressão V7 – I é feito por meio de setas em um vetor indicando a resolução da tensão.
Já, no caso do movimento SubV7 I, para se diferenciar, foi convencionado o uso de setas vetorizadas pontilhadas.
Tendo sido apresentados os conceitos de acordes dominantes e subdominantes, bem como suas possíveis classificações, encerro este post aconselhando aos leitores que procurem experimentar as sonoridades e possibilidades desse tipo de encadeamento. Música é arte, não se pode esquecer disso em meio a todo rigor técnico e teórico.
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Excelente matéria. Assunto importantíssimo para quem quer se encaminhar na música… Parabéns..
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Puxa, muito obrigado pelo comentário 😀