O que é Ritmo – Noções que todo Músico Deve Saber

Tempo de leitura: 9 minutos

Ritmo é a organização dos tempos na música. Em termos gerais podemos dizer que tudo que se relaciona com alguma contagem de tempo dentro de um arranjo musical é ritmo, dessa forma, toda levada rítmica e toda nota tocada obedece a um ritmo musical.

ritmo é tão importante na construção musical, que há instrumentos que são dedicados unicamente à composições rítmicas.

Instrumentos ritmicos, usados para determinar tempo
Chocalhos, tambores, matracas, etc, são instrumentos que não emitem notas musicais. Ao emitir sons sons sem altura definida, esses instrumentos lidam basicamente com as proporções de tempo em relação a uma pulsação.

Instrumentos percussivos emitem sons que, apesar de não produzirem notas musicais, possuem grande riqueza sonora, com timbres variados e possibilidades quase infinitas de combinações. Ritmo é, portanto, um convite à dança.

Tempo

Sabe-se que toda música tem uma duração de tempo específica, sendo assim, ao contrário das artes visuais, a música se dá em função da passagem de tempo, dessa forma, a sistematização de um padrão temporal é fundamental para se compor, escrever e tocar músicas.

Os sistemas de contagem de tempo estabelecidos ao longo dos séculos se baseiam na capacidade de fracionar o tempo em partes com mesma duração como as horas, minutos e segundos. Em música, entretanto, é necessário que haja um modelo de contagem do tempo que se adapte à necessidade de registro de diferentes velocidades de reprodução musical, possibilitando assim, o uso desse sistema tanto em músicas rápidas, quanto em músicas mais lentas e contemplativas, sendo assim, estabelecemos pulso como a unidade de tempo.

Pulsação

Para compreendermos ritmo é necessário entender o que é pulsação.
Pulso é uma unidade temporal. Tem duração e periodicidade fixa. O pulso musical funciona como uma base rítmica.

Pulsação é um tipo marcação temporal previsível e com periodicidade constante. O melhor exemplo que podemos dar de uma pulsação é a movimentação do ponteiro que marca os segundos em um relógio analógico. Esse ponteiro executa um movimento a cada segundo, dessa forma, possui movimentação constante e com duração de tempo regular.

A primeira coisa que devemos ter em mente para alcançarmos o perfeito entendimento de ritmo, é a ideia de que toda estruturação musical parte necessariamente de uma contagem de pulsos. Sendo assim, a máxima que podemos tirar dessa afirmação é de que toda música é pulsante, por mais lenta que seja.

O fundamento mais elementar na construção de arranjos musicais é, portanto, a arte de combinar a duração de tempo dos sons em proporção à velocidade da pulsação adotada.

Para entender mais profundamente a ideia de pulsação e tempo, recomendo fortemente a leitura desse post.

Unidade de Medida das Pulsações

Sabendo que a unidade temporal usada como base para construção de qualquer arranjo musical é o pulso, para se estabelecer um padrão métrico de velocidade, convencionou-se estabelecer a contagem de pulsos em um contidos no intervalo de tempo de um minuto. Dessa forma, estabeleceu-se o uso da contagem de tempo em BPM (batidas por minuto). Voltando ao exemplo do relógio, o ponteiro dos segundos realiza movimentos a 60 bpm, isso porque, em um minuto há sessenta segundos.

Ao passo que as velocidades de pulsação são verificadas em números precisos de pulsos por minuto, para dar maior liberdade ao intérprete, as pulsações foram organizadas em andamentos, que são categorias dadas a determinadas velocidades de pulsações.

Andamentos

Como já foi dito no parágrafo anterior, os andamentos são convenções que categorizam certas velocidades de pulsação em grupos. Segue, então, a relação de nomes dada a cada tipo de andamento:

Movimentos Vagarosos

  • Larguíssimo: Até 19 b.p.m.
  • Grave: De 20 a 40 b.p.m.
  • Lento: 40 a 45 b.p.m.
  • Largo: 45 a 50 b.p.m.
  • Larghetto: 50 a 55 b.p.m.
  • Adagio: 55 a 65 b.p.m.
  • Adagietto: 65 a 69 b.p.m.

Movimentos Moderados

  • Andantino: 78 a 83 b.p.m.
  • Marcia Moderato: 83 a 85 b.p.m.
  • Andante: 75 a 107 b.p.m.
  • Andante Moderato: 90 a 100 b.p.m.
  • Moderato: 108 a 112 b.p.m.

Movimentos Rápidos

  • Allegro Moderato: 112 a 115b.p.m.
  • Allegretto: 116 a 119b.p.m.
  • Allegro: 120 a139 b.p.m.
  • Vivace: 140 a 159 b.p.m.
  • Vivacissimo: 160 a 169 b.p.m.
  • Allegricissimo: 168 a 177 b.p.m.
  • Presto: 180 a 200 b.p.m.
  • Prestissimo: 200 b.p.m. ou mais.

Uma nota importante, o andamento larguíssimo é inviável do ponto de vista prático, isso se dá porque nossa percepção de ritmo é prejudicada quando a pulsação é muito lenta, nesse caso nosso cérebro perde os referenciais de periodicidade de previsibilidade tão importantes para a noção de ritmo.

Um exercício interessante para se desenvolver a percepção rítmica envolve ouvir músicas tentando identificar a pulsação. Esse exercício é importante porque somente a partir da pulsação conseguiremos desenvolver aspectos mais sofisticados de percepção rítmica. Contudo, esses exercícios de percepção devem ser feitos de forma que haja movimentação. A partir do movimento das mãos, batida dos pés, ou qualquer movimento que acompanhe o pulso musical, o padrão pulsante das músicas pode ser internalizado.

Para estudo de rítmica e das relações de tempo em música, recomenda-se fortemente o estudo das proporções temporais com ou sem instrumento acompanhado por um metrônomo. Não é necessário comprar um metrônomo para estudar, visto que há aplicativos metrônomo para android e iOS.

Exercício de percepção rítmica

Metrônomo, um instrumento analógico que produz pulsação com velocidade ajustável.

Um exercício bastante simples e eficaz é bater com as mãos sobre uma superfície qualquer, iniciando com batidas com quatro tempos de duração, três tempos, dois tempos e, finalmente, uma batida por pulso. Esse exercício é importante porque força o entendimento das proporções múltiplas de um pulso.

Exercício interativo palmas em um metrônomo
Este exercício é essencial na prática de iniciantes em música.

Depois de dominar as contagens de proporções múltiplas de um tempo, comecemos a estudar proporções de tempo que correspondem a uma fração de pulso. inicialmente faça contagens dividindo cada tempo em duas partes. A divisão de cada pulso em duas parte é mais indicada a princípio porque se trata da subdivisão mais simples. quando se conta os pulsos, tente contar:

1 e 2 e 3 e 4 e…

Cada “e” representa a metade da duração dos pulsos numerados. Inicie esse exercício executando os pulsos com as mãos e a contagem com a voz. Quando dominados os exercícios, execute esse treino com o auxílio de um metrônomo.

Outro exercício interessante é, com o auxílio de um metrônomo, bata palmas em todos os tempo, em seguida, bata palmas em todos as metades de tempo.

Marcação de palmas nos contratempos
Marcação de palmas nos contratempos

Entendendo as subdivisões em duas partes, procure estudar outras possibilidades de subdivisões pares, a princípio, pode parecer um pouco confuso, mas, na medida em que se é assimilada a musicalidade de cada fração de tempo, fica mais fácil de reconhecê-las e de executá-las. O segredo aqui, portanto, é ouvir as subdivisões e entender a musicalidade delas.

Compassos

Ao treinar percepção com música, podemos constatar claramente que alguns pulsos têm certo destaque em relação a outros, criando ciclos previsíveis de pulsação em que um pulso forte é seguido por pulsos fracos. A essa organização dos pulsos na música damos o nome de compassos.

Falamos com mais propriedade de compassos aqui.

Para este artigo introdutório é importante que se saiba que há inúmeras maneiras de se organizar pulsos em compassos, falaremos aqui das mais comuns.

compassos binários

Compassos binários se organizam em dois tempos, ou seja, um pulso forte seguido de pulso fraco.

1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2

Os gêneros musicais brasileiros, principalmente os nordestinos são construídos em sua maioria em compassos binários. Podemos destacar também algumas canções folclóricas como Ciranda Cirandinha e Marcha Soldado.

Compassos Ternários

Quando percebemos que a pulsação se organiza em grupos de três pulsos, temos um compasso ternário que é constituído por um pulsos forte seguido de dois pulsos fracos.

1 – 2 – 3 – 1 – 2 – 3 – 1 – 2 – 3 – 1 – 2 – 3…

Esse tipo de compasso é comumente encontrado nas valsas populares e nos gêneros musicais sulistas como a polca, rasqueado, guaranha e rancheira.

compassos quaternários

Temos aqui o tipo mais comum de compasso, encontrado predominantemente em músicas pop, os compassos quaternários são compostos por um pulso forte seguido por três pulsos fracos.

1 – 2 – 3 – 4 -1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 2 – 3 – 4…

Apresentamos aqui as informações mais básicas para a compreensão musical, entretanto, é necessário prática e nos exercícios de escuta e percepção rítmica. Com o treinamento adequado, pode-se detectar compassos em música apenas em ouví-las. Por isso, em cada exemplo de compasso, citei gêneros musicais e músicas para que o leitor possa se familiarizar.

Ouvir os gêneros musicais citados acima é muito importante para quem deseja entender de ritmo, compasso e pulsação porque oferece a experiência e a possibilidade de assimilação da rítmica e musicalidade que cada tipo de compasso oferece, além do mais, oferece para quem deseja trilhar os caminhos da composição, vasto material para trabalhar a criatividade.

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